Dentre as doenças reumáticas autoimunes, talvez a artrite reumatoide seja a patologia mais conhecida pela população. Ou, pelo menos, seja uma doença da qual se ouve falar com certa frequência. Apesar de ser considerada uma doença incomum, a estimativa é de que haja 35 mil pessoas acometidas por artrite reumatoide no Estado de Santa Catarina, considerando a população de SC em 7 milhões de habitantes e a prevalência de artrite reumatoide 0,5% na população geral.
A artrite reumatoide ocorre por uma desregulação do sistema imunológico, resultando em inflamação crônica nas articulações que leva à destruição dessas estruturas. Essa inflamação também pode ocorrer em outros locais do organismo, como nos olhos, nos pulmões, nos nervos periféricos e na pele.
Historicamente, quando falamos em artrite reumatoide, imaginamos uma pessoa sofrendo, com dor, em cadeira de rodas, dependente, com juntas deformadas. Foi assim que a artrite reumatoide afetou a vida de artistas renomados, como o pintor francês Renoir e a cantora francesa Édith Piaf, cujo peso da doença sabidamente marcou suas biografias.
No entanto, graças aos avanços no diagnóstico precoce e na efetividade do tratamento atual, a vida das pessoas com artrite reumatoide nos dias de hoje difere muito do sofrimento experimentado no passado.
Hoje, sabe-se da importância do diagnóstico precoce para instituição do tratamento rapidamente, seguindo o mesmo raciocínio do diagnóstico precoce do câncer. Sabe-se que, quanto mais cedo começamos a tratar a artrite reumatoide, maior o controle sobre a doença. Esse controle significa que as complicações da doença não tratada serão evitadas, em especial as deformidades articulares, que levam a um grande prejuízo nas funções do dia a dia e perda de qualidade de vida.
Assim como muitas outras doenças crônicas, o início do quadro de artrite reumatoide pode ser muito sutil. É importante estar atendo para dores persistentes, em especial acompanhadas de inchaço, em pequenas juntas das mãos, punhos e pés, que são piores pela manhã, que aliviam ao longo do dia. Pode haver um quadro de sensação prolongada, por mais de uma hora, de rigidez matinal, onde as articulações ficam muito difíceis de movimentar. Cansaço e fadiga podem ocorrer simultaneamente ao quadro de dor nas articulações. Todas as pessoas com este tipo de queixa devem ser avaliadas pelo médico reumatologista. Baseado em achados da conversa com o paciente, do exame clínico e com o auxílio de alguns exames laboratoriais específicos e também métodos de imagem adequados, o reumatologista pode fazer o diagnóstico da doença e iniciar o tratamento do paciente.
Sendo a artrite reumatoide um problema crônico de saúde, é muito importante que haja uma parceria entre o paciente e seu reumatologista. O tratamento envolve uso de medicações que atuam no sistema imunológico e exige um acompanhamento regular e frequente. Em cada consulta, o reumatologista faz ajustes no tratamento de acordo com a resposta clínica do paciente. Esses ajustes devem ocorrer em intervalos relativamente curtos de tempo, a fim de conseguir atingir doses adequadas dos medicamentos e controle máximo da doença. Mantendo a doença sob controle, as articulações são preservadas, sua função é mantida, há vida com qualidade. O reumatologista é o médico com conhecimento e experiência para conduzir o acompanhamento das pessoas com artrite reumatoide e, inclusive, para diagnosticar esta enfermidade entre tantas outras que também podem se manifestar com dores articulares. Apesar de não haver, ainda, cura para esta doença, o avanço nesta área da medicina permite que as pessoas vivam bem, estudem, pratiquem esportes, trabalhem, cuidem de suas famílias. O segredo está, com certeza, no diagnóstico precoce e no cuidado especializado.
Aline Defaveri do Prado – Blumenau, SC
CRM SC 25466
