Na quarta-feira, 11 de março, a Organização Mundial de Saúde declarou pandemia do coronavirus (COVID-19) e, já tivemos os primeiros casos confirmados em Santa Catarina. Hoje, 13 de março, o município de Florianópolis decretou medidas para tentar conter a disseminação da doença, como proibir eventos de grande número de pessoas.
E você, que tem doença reumática e faz uso de tratamento imunossupressor, precisa ter algum cuidado especial durante a pandemia do coronavirus?
Na verdade, você deve ter os mesmos cuidados que todas as pessoas deveriam ter.
Por ser uma nova variação viral, o novo coronavírus se dissemina facilmente, já que as pessoas ainda não tem ”imunidade” contra ele. Algumas pessoas têm uma forma grave desta infecção, que leva a pneumonia, insuficiência respiratória (precisando de internação e às vezes de respiração por aparelhos em UTI) e até a morte. Mas a imensa maioria das pessoas não têm doença grave por causa dele. Terão sintomas como tosse seca, febre e mal-estar geral por alguns dias, e depois se recuperarão, porque seu sistema imune vai vencer a infecção.
Teoricamente, uma pessoa em uso de terapia imunossupressora (como é o tratamento de doenças reumáticas) poderia ter doença mais grave ao se infectar com este vírus, porque seu sistema imune estaria “enfraquecido” pelos remédios. Mas não é isso que vem sendo observado nos países que já enfrentaram muitos casos de COVID-19. Pessoas com reumatismo e em tratamento imunossupressor não são as vítimas mais comuns de casos graves da doença.
Portanto, você NÃO DEVE mudar seu tratamento, muito menos interromper o uso de suas medicações, sem conversar seu reumatologista. Estar com sua doença bem controlada é, na verdade, muito importante para passar bem por esse período de pandemia.
O principal fator de risco para ter uma forma grave de infecção pelo coronavirus é a idade. Se você tem mais de 60 anos, independente de usar imunossupressor ou não, será mesmo necessário diminuir o contato com pessoas que possam passar a infecção para você (evite os locais com aglomeração de pessoas; evite as viagens; reduza até as visitas, principalmente de pessoas que possam trazer a infecção – até passar esse período de pandemia, que vai durar provavelmente até o inverno deste ano em nossa região).
Se você tem menos de 60 anos, dificilmente terá complicações sérias pelo coronavirus. Mas, mesmo assim, é melhor não pegar essa infecção, inclusive porque você poderá transmiti-la para outras pessoas.
Por isso todas as pessoas, independente da idade, devem fazer o que sempre deveríamos fazer, que é evitar que nossas mãos se contaminem com vírus e depois levemos esses vírus para o interior do corpo: 1) Lave as mãos com água e sabão de três em três horas, ou sempre depois de tocar alguma superfície de uso público. Quando não tiver água e sabão por perto, ter um frasco com álcool gel ajuda! Ele substituiu uma lavagem das mãos, se for bem aplicado. 2) Evite os apertos de mãos e os beijinhos no rosto. Cumprimente as pessoas com um sorriso! 3) Nunca toque em seus olhos, nariz ou boca sem antes lavar as mãos! 4) Se você for tossir ou espirrar, não contamine as pessoas em volta! Cubra o rosto com o braço, ou use lenços. 5) Manter os ambientes de trabalho, de escola ou de reuniões em geral (restaurantes, por exemplo) bem ventilados (janelas abertas). 6) Restaurantes do tipo bufê devem ter equipamentos (anteparos) para proteger os alimentos expostos. Observe se isso está correto antes de se alimentar nestes locais. 7) Máscara? Você deve usar se estiver com tosse e tiver que ficar em um ambiente com outras pessoas, para evitar a contaminação das outras pessoas. Para se proteger no dia-a-dia, ela pouco contribui (a limpeza das mãos e não levar a mão ao rosto é muito mais importante!). 😎 Confie apenas em informação de boas fontes (como essa)! Nas situações de pânico, muitos aproveitadores aparecerem querendo tomar o seu dinheiro… injeções ou comprimidos de vitaminas, por exemplo, não servem para NADA na prevenção desta infecção.
Estaremos em contínuo acompanhamento da evolução desta pandemia. A Sociedade Catarinense de Reumatologia está atenta e trará novas orientações seguras, sempre que for necessário.

Dr Fabricio de Souza Neves
Médico reumatologista, membro da Sociedade Catarinense de Reumatologia
CRM/SC 9846 – RQE 6180