Hidroxicloroquina e COVID-19: “usar ou não, eis a questão”

Hidroxicloroquina e COVID-19: “usar ou não, eis a questão”


Publicado em 27/03/2020Notícias

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📌 Cloroquina e hidroxicloroquina são derivados sintéticos da quinina. Forma utilizadas inicialmente no tratamento da malária, por isso a denominação de anti-maláricos. Na segunda guerra mundial vários soldados com malária foram tratados e observou-se que erupções cutâneas e artrite também melhoravam com essas drogas. Desde então o papel destes fármacos no tratamento de doenças reumáticas ficou estabelecido através de efeitos que chamamos de imunomoduladores. São utilizadas principalmente no tratamento da artrite reumatóide e do lúpus, mas outras doenças reumatológicas também tem indicação de tratamento como a dermatomiosite e síndrome de Sjogren.

📌 Além do efeito antimalárico é conhecida sua ação contra bactérias e vírus. Essa ação se faz através da alcalinização dentro da célula o que impede a entrada e replicação do vírus. Estudos in vitro demonstraram inibição do corona vírus humanos hCoV. Apesar de como qualquer droga ter efeitos colaterais temos observado que são relativamente seguras quando utilizadas e indicadas de maneira correta. Atualmente preferimos a hidroxicloroquina em relação ao difosfato de cloroquina por ter menos efeito colateral na visão e que depende do tempo e dose administrada. Como a utilizamos por tempo prolongado em doenças reumáticas, até anos, os pacientes devem fazer exame oftalmológico periodicamente.

📌 O uso em pacientes com COVID-19 está baseado no seu efeito anti-viral. Casos relatados na literatura e estudos publicados, alguns deles não bem conduzidos e apresentando vieses ( erro sistemático ou tendencioso) não permitem até o momento ter uma conclusão efetiva que esses medicamentos devam ser utilizados no tratamento do COVID-19. Parece ser promissor, mas dependemos ainda de mais estudos.

📌 Assim a indicação de seu uso cabe exclusivamente ao médico assistente dependendo da situação em que se encontra o paciente. Infelizmente estão utilizando indiscriminadamente para prevenção ou tratamento do COVID-19 sem orientação médica. E isto veio causar problema para os pacientes reumáticos que necessitam dessa medicação pois se esgotou nas farmácias. Felizmente a ANVISA determinou que ela deve ser prescrita com receituário controlado em duas vias o que impede seu uso indiscriminado. Vamos seguir as orientações do ministério da saúde e deixarmos o tratamento com orientação médica.

Dr Pedro Weingrill
CRM/SC 2435 RQE 2475
Médico reumatologista, membro da Sociedade Catarinense de Reumatologia
www.screumatologia.com.br

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As doenças reumáticas têm maior sucesso no tratamento quanto mais cedo forem diagnosticadas. Para isso, é importante estar alerta aos fatores de risco e sintomas das principais doenças.

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