Quem tem doenças reumáticas pode praticar exercícios físicos?

Quem tem doenças reumáticas pode praticar exercícios físicos?

Revisado por: - CRM-SC 4848 RQE 1071
Publicado em 14/03/2019 - Atualizado 28/05/2019Exercícios

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Durante muito tempo, os portadores de doenças reumáticas eram orientados a manterem-se em repouso, ou seja, evitar praticar exercícios físicos. A explicação para isso era de que o exercício poderia levar à piora das lesões musculoesqueléticas decorrentes das doenças reumáticas devido ao uso das estruturas e também por liberação de citocinas (pequenas, porém potentes, proteínas pró inflamatórias).

Entretanto, com o tempo, percebeu-se que essa liberação é transitória e, simultaneamente a esse processo, ainda há a produção de inibidores de citocinas. Esse processo faz com que a sua ação não prejudique efetivamente o paciente. Desta forma, as evidências atuais demonstram que o treinamento físico pode influenciar positivamente no tratamento para as doenças reumáticas, desde que seja feito sob orientação médica.

Além de reduzir a inflamação, a prática orientada tem a capacidade de minimizar diversos sintomas, como dores musculares, articulares e periarticulares, proporcionando, assim, a melhora da amplitude e força de movimento.  

Conheça quais os benefícios de praticar exercício físico e quais os tipos de treinos mais indicados para os pacientes reumáticos.

Benefícios de praticar exercício físico

Praticar qualquer tipo de atividade física é importante, seja uma pessoa saudável ou portadora de alguma doença.

De acordo com um estudo do Laboratório de Avaliação e Condicionamento Físico da Reumatologia da Universidade de São Paulo (USP), publicado na Revista Paulista de Reumatologia, no caso do tratamento de reumatismo, os principais benefícios alcançados com os exercícios são:

  • controlar a atividade da doença;
  • melhorar o quadro de dor;
  • preservar a integridade física e psicológica;
  • diminuir comorbidades, ou seja, ocorrência de duas ou mais doenças simultaneamente;
  • atenuar os efeitos adversos provocados pelo tratamento medicamentoso;
  • melhorar a qualidade de vida.

Além disso, tarefas do dia a dia, como caminhar e se abaixar, tornam-se mais fáceis de serem realizadas pelos pacientes, devolvendo a eles a sua autoestima e autonomia.

Benefícios que os exercícios promovem em cada doença reumática

Além dos benefícios gerais de praticar exercício físico, o estudo da USP demonstrou, ainda, que algumas doenças reumáticas apresentam melhoras em sintomas específicos. Confira alguns exemplos:

  1. Lúpus Eritematoso Sistêmico: minimiza os sintomas de fadiga e depressão, melhora o controle autônomo do coração, a função celular e a qualidade de vida em geral;
  1. Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil: a pesquisa mostrou que, com seis semanas de treinamento, os jovens portadores dessa doença apresentaram melhora no condicionamento aeróbio e aumento do consumo máximo de oxigênio e da tolerância ao esforço. Isso impactou diretamente na sua qualidade de vida, capacidade funcional e autoestima;
  1. Miopatias Idiopáticas: com a melhora na força muscular, na capacidade aeróbica e nos índice de funcionalidade, percebeu-se uma grande redução da fadiga;
  1. Artrite Reumatoide: com as atividades físicas, percebeu-se a redução nos quadros de dor e depressão e o aumento na mobilidade articular;
  1. Dermatomiosite Juvenil: praticar exercício físico fez com que os pacientes tivessem melhora na capacidade aeróbia e funcional, na tolerância ao esforço e na força muscular. Além disso, foi observado o aumento das massas óssea e magra;
  1. Artrite Idiopática Juvenil: além de melhorar o condicionamento físico em geral, os exercícios ajudam a preservar a integridade e a mobilidade articular.

Tipos de treino que podem ser realizados

De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, existem três tipos principais de exercícios que podem ser realizados por portadores de doenças reumáticas. São eles:

  1. alongamento: através de exercícios suaves, há uma melhora na qualidade muscular e o aumento da flexibilidade, reduzindo a incidência de lesões;
  1. condicionamento muscular: com o uso de pesos, o que é feito na musculação, por exemplo, são trabalhadas força e resistência. Com isso, há o aumento e o fortalecimento muscular, que também é muito benéfico para evitar lesões;
  1. condicionamento aeróbico: atividades que utilizam a musculatura de modo rítmico e repetitivo, como a caminhada e o ciclismo, há a melhora nas funções do coração, pulmão e músculos. Além disso, auxilia no controle do peso e do humor, fatores que influenciam na saúde como um todo.

Para a sua segurança, é importante que os portadores de doenças reumáticas realizem exercícios físicos com conhecimento de um reumatologista e, se possível, com orientação de um profissional de educação física.
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Material revisado por:
- CRM-SC 4848 RQE 1071

Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas – UFPEL - 1984 Especialista em Medicina Interna e Reumatologia pelo Hospital de Clinicas de Porto Alegre/RS -1985-1989 Especialista em Terapia Intensiva pela AMB e AMIB - 1994 Subespecialidade: Habilitação em Densiometria Óssea pela SBDENS/CBR - 1998 Presidente da Sociedade Catarinense de Reumatologia 2018/2019 Título de especialista em Reumatologia AMB/SBR - 1988

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As doenças reumáticas têm maior sucesso no tratamento quanto mais cedo forem diagnosticadas. Para isso, é importante estar alerta aos fatores de risco e sintomas das principais doenças.

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