São poucas as doenças reumáticas que possuem cura. Uma das explicações para isso está relacionada ao caráter inflamatório crônico, vinculado à autoimunidade da maioria das doenças. Ou seja, as inflamações que afetam articulações, ossos, músculos, tendões e ligamentos dificultam, ainda mais, que sejam eliminadas definitivamente do organismo.
Entretanto, há algo em comum nas mais de 120 doenças reumáticas: elas possuem tratamento. Em outras palavras, é possível conter os sintomas e evitar o seu avanço, permitindo que o paciente consiga levar uma vida mais normal possível.
Para explicar melhor o assunto, realizamos uma entrevista com o Dr. Glaucio Castro, membro titular da Sociedade Catarinense de Reumatologia. Acompanhe!
Quais doenças reumáticas têm cura?
Primeiramente, é fundamental entender que a cura é relativa. Ou seja, mesmo a doença podendo ser curada, caso não seja diagnosticada de forma precoce e tratada adequadamente, pode tornar-se crônica.
Em contrapartida, as doenças sem cura aparente podem controlar seu desenvolvimento, se forem descobertas em seu estágio inicial. Neste caso, é possível evitar seu avanço e, principalmente, fazer com que seus sintomas não prejudiquem o dia a dia do paciente.
O Dr. Glaucio explica quais doenças podem ser curadas: “Particularmente, aquelas que são causadas por traumas, esforços excessivos ou por agentes infecciosos são curáveis.” Ele ainda complementa que as doenças causadas por agentes infecciosos, como vírus e bactérias, podem ser facilmente curadas com antibióticos.
Conheça abaixo as principais doenças reumáticas que possuem cura e saiba as medidas que podem ser tomadas para evitar que as demais prejudiquem a sua qualidade de vida.
1) Bursite
Trata-se de uma inflamação ou irritação na “bursa”, que é uma pequena bolsa localizada entre os ossos e outras estruturas móveis, como os músculos. A bursite costuma afetar principalmente joelhos, ombros, cotovelos e quadris, fazendo surgir sintomas como:
- dor;
- inchaço;
- rigidez.
O tratamento consiste basicamente em fazer repouso, colocar compressas de gelo no local afetado, administrar anti-inflamatório e recuperar a musculatura com a fisioterapia se for o caso. Em último caso, o reumatologista pode recomendar cirurgia, mas raramente é necessário. Para evitar seu surgimento, é importante adotar hábitos saudáveis e evitar as causas desencadeantes.
2) Tendinite
Tendinite é outra doença considerada temporária e não-debilitante. Seus sintomas mais comuns são:
- dor ao redor de um ligamento específico, articulação ou músculo;
- aumento da sensibilidade e rigidez;
- inchaço;
- aumento da dor ao se movimentar;
- dificuldade para dormir devido à dor persistente.
O seu tratamento envolve o descanso e imobilização da região afetada, uma aplicação de gelo e, se necessário, exercícios de fisioterapia.
3) Febre reumática
Trata-se de uma complicação que costuma surgir após a ocorrência de faringite causada pela bactéria Streptococcus. Estima-se de 20 milhões de crianças sofram de febre reumática no mundo.
O tratamento dessa doença é baseado no uso de antibiótico para combater a bactéria. Se não tratada adequadamente, a febre reumática pode evoluir para um quadro autoimune e acometer articulações, como coração, pele e sistema nervoso. Por isso, é de suma importância que seja diagnosticada e tratada logo que os primeiros sintomas forem notados.
Por que algumas doenças não têm cura?
Segundo o Dr. Glaucio, as doenças reumáticas autoimunes e degenerativas não têm cura: “As doenças degenerativas, como a artrose, que provoca desgaste na cartilagem não é passível de cura porque não tem como reconstruir a cartilagem com a tecnologia que existe atualmente”, afirma.
No caso das doenças autoimunes, que ocorrem quando a pessoa nasce com uma predisposição genética e o sistema imune ataca as células do próprio corpo, pode-se apenas controlar o quadro e os sintomas. “Como não é possível controlar o sistema imune, não é possível curar as doenças. O máximo que se consegue é controlar as doenças e até colocar o paciente em remissão, mas a doença pode voltar”, explica o especialista.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é considerado um fator decisivo para o sucesso de qualquer tratamento, independentemente se a doença tem cura ou não. Um dos motivos é que, quanto mais cedo o reumatismo for descoberto, menores serão as chances de o paciente sofrer com a incapacidade física.
Isso se dá porque parte dessas doenças possuem caráter degenerativo, ou seja, tendem a piorar conforme vão evoluindo. “Quanto mais tempo a doença fica sem ser tratada, maiores são as chances de o paciente ficar com lesões crônicas irreversíveis e maior a dificuldade de controlar os sintomas”, alerta o Dr. Glaucio.
Além de prescrever o tratamento específico para a enfermidade, o reumatologista também indica a modificação de alguns hábitos, que estão diretamente vinculados aos fatores de risco das doenças reumáticas.
Pode ser recomendado ao paciente que, por exemplo:
- cuide da alimentação;
- pratique exercícios físicos;
- evite obesidade;
- não fume;
- trate adequadamente as infecções.
Procure a ajuda de um especialista assim que sentir algo anormal no sistema articular. O Dr. Glaucio faz um alerta: “O paciente que tem dores intensas e persistentes nas articulações, lombar, região cervical e torácica ou qualquer dor músculo-esquelética devem procurar auxílio o mais rápido possível”.
Com os cuidados preventivos contínuos e avaliação precoce, fica muito mais fácil conseguir ter uma vida normal e saudável. Conte com os médicos reumatologistas membros da Sociedade Catarinense de Reumatologia para realizar seu diagnóstico e tratamento com garantia de profissionalismo e qualidade.