Conhecer os fatores de risco para as doenças reumáticas é essencial para evitar ser acometido por uma dessas doenças ou minimizar seus sintomas. Alguns fatores podem ser prevenidos, porém outros não, como quando a causa da doença tem ligação genética.
A importância de conhecer esses fatores e, dentro do possível, evitá-los é justificada porque boa parte das doenças que afetam as articulações são crônicas, ou seja, não têm cura. Além disso, elas podem levar à debilitação e redução na qualidade de vida dos pacientes.
Desta forma, é importante modificar os hábitos que possam ser nocivos para evitar o reumatismo e, com isso, preservar a integridade do sistema locomotor como um todo.
Para falar mais sobre o assunto, contamos com a participação da Dra. Maria Aparecida Scottini, membro da Diretoria Executiva da Sociedade Catarinense de Reumatologia (SCR). Acompanhe!
Principais fatores de risco para as doenças reumáticas
1) Sedentarismo
O sedentarismo é prejudicial para a saúde como um todo. Especificamente em relação às doenças reumáticas, ele gera enfraquecimento muscular: “Quanto mais o paciente for sedentário, mais a sobrecarga recai sobre as articulações. Por outro lado, quanto mais forte estiverem os músculos, mais eles sustentam o corpo e menos agridem as articulações”, explica a reumatologista.
Dessa maneira, o sedentarismo provoca redução da condição física, deixando o paciente predisposto ao aparecimento de lesões e inflamações. Para evitar esse fator de risco, a Dra. aconselha a prática de atividades físicas regularmente. Os exercícios físicos liberam hormônios, importantes para o metabolismo e substâncias anti-inflamatórias que agem nos músculos, articulações e tendões.
Além disso, para quem já possui reumatismo, a atividade física é igualmente vantajosa, pois auxilia a reduzir a fadiga – sintoma típico de doenças como lúpus eritematoso sistêmico e espondilite anquilosante -, promove a melhora do condicionamento físico e, consequentemente, da qualidade de vida.
2) Obesidade
A Dra. Maria Aparecida explica que a obesidade pode contribuir para o aparecimento de alguns sintomas das doenças reumáticas: “O sobrepeso pode causar dor lombar, desgaste e dor nas articulações, decorrentes do excesso de peso nas articulações”.
O aumento da obesidade está relacionada com o aumento nos casos de artrose e artrite, visto que o excesso de peso corporal é um fator de risco para que essas condições se desenvolvam. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia identificaram uma relação entre a obesidade e a progressão mais rápida da incapacidade na artrite reumatoide.
3) Alimentação
Uma alimentação inadequada, rica em gorduras e alimentos inflamatórios contribui para o agravamento do quadro de inflamação. Ela pode, portanto, não somente levar ao surgimento de doenças reumáticas como, por exemplo, artrite reumatoide, como também piorar os seus sintomas.
Já o baixo consumo de frutas, vegetais e vitamina C aumenta os riscos de desenvolver poliartrite inflamatória, enquanto a ingestão excessiva de carnes vermelhas e fruto do mar pode elevar as chances de desenvolvimento da gota.
Para prevenir esses problemas, a Dra. Maria Aparecida ressalta a necessidade de manter uma alimentação saudável: “É importante consumir produtos in natura, como frutas e verduras, e evitar alimentos processados, embutidos, açúcar e gordura, já que favorecem a obesidade e podem contribuir para o aparecimento de doenças reumáticas”.
Além disso, ela faz um alerta: “Hábitos prejudiciais, como alimentação inadequada, aumentam o colesterol, favorecem o aparecimento de diabetes e doenças cardiovasculares, que podem piorar o sistema circulatório e, com isso, também piorar a parte inflamatória e agravar o quadro das doenças reumáticas”.
4) Álcool
O consumo excessivo de álcool aumenta os índices de ácido úrico no sangue. Conforme vai aumentando a sua concentração, transforma-se em cristais, que se depositam nas articulações, causando inflamação no local e, consequentemente, dor e inchaço. Com o tempo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, esse cenário pode evoluir a ponto de surgir a gota.
5) Tabagismo
O tabagismo é considerado um fator de risco para o surgimento de doenças reumáticas como artrite reumatoide e lúpus, assim como para a piora dos seus sintomas. Além disso, pesquisas demonstram que fumantes podem ter mais dificuldade em obter melhoras com o tratamento.
A Dra. Maria Aparecida explica que o tabagismo é considerado um fator inflamatório e ressalta: “Se a pessoa já tem uma doença reumatológica, o cigarro pode agravar ainda mais, mas o fato de fumar pode favorecer o aparecimento de doenças reumatológicas em uma pessoa saudável”.
Por que é importante conhecer os fatores de risco?
Há, ainda, outros fatores de risco que podem elevar as probabilidades de a pessoa desenvolver reumatismos, como:
- estresse;
- ansiedade;
- depressão;
- alterações climáticas bruscas;
- genética.
Conhecer os fatores de risco, assim como melhorar hábitos, é fundamental para evitar que as doenças reumáticas avancem. Mesmo aquelas que não podem ser prevenidas, é possível estagnar a ponto de permitir que o bem estar não seja prejudicado pelos seus sintomas.
Além disso, a prevenção e o diagnóstico precoce são a chave para o sucesso de qualquer tratamento das doenças reumáticas: “Quanto mais precoce o tratamento da doença, menores são as chances de deixar sequelas, além de que o paciente também consegue ter uma qualidade de vida melhor”, explica a Dra Maria Aparecida.
O ideal é procurar ajuda médica quando os primeiros sintomas se manifestarem: “Se você sabe que na sua família existe uma tendência maior de ter uma doença reumatológica, ao começar a sentir uma dor articular, dor na lombar ou inchaço das juntas, procure um médico o quanto antes.” orienta a especialista.
Para evitar o aparecimento das doenças, é ideal manter uma vida saudável, procurando se alimentar adequadamente, praticar exercícios físicos e cortar cigarro e outros hábitos prejudiciais. Confira mais dicas de prevenção, no artigo É possível prevenir doenças reumáticas?.
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