Como nosso sistema imunológico participa das doenças autoimunes

Como nosso sistema imunológico participa das doenças autoimunes


Publicado em 03/08/2019 - Atualizado 05/08/2019Desvendando mitos

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As doenças autoimunes são aquelas que se originam após o sistema imunológico começar a produzir anticorpos contra componentes do próprio organismo. Ou seja, o corpo passa a ver suas próprias proteínas como se fossem agentes invasores, começando a atacá-las.

 

Apesar de muitas doenças reumáticas serem autoimunes, existem aquelas que são consideradas não autoimunes. Para explicar as principais diferenças e conhecer as doenças reumáticas mais comuns, convidamos a Dra. Giovana Ribeiro, membro da Comissão Científica da SCR, para falar mais sobre a relação entre as doenças reumáticas e o sistema imunológico. Acompanhe! 

Qual a diferença entre doenças autoimunes e não autoimunes?

 

A Dra. Giovana explica que existe uma diferença básica entre elas: a origem da doença. Enquanto as doenças autoimunes são causadas por um desequilíbrio no sistema de defesa do organismo, as não autoimunes apresentam causas que não possuem relação com o sistema imunológico, como fatores genéticos e hábitos de vida prejudiciais à saúde.

 

 

Principais doenças reumáticas autoimunes

1) Artrite reumatoide

Trata-se de uma doença inflamatória crônica em que o sistema imunológico ataca os próprios tecidos. A Dra. Giovana explica que a doença afeta, principalmente, as articulações, mas pode atingir outros tecidos: “A artrite reumatoide pode atacar o tecido pulmonar, os olhos, o tecido cardíaco e assim por diante. A articulação pode ser a primeira afetada, mas não afeta somente ela”, ressalta.

 

Além de causar inchaços, dor e vermelhidão, com o tempo, a artrite reumatoide pode levar à erosão dos ossos e deformação permanente da articulação, principalmente dos dedos das mãos e dos  pés. O tratamento dessa doença autoimune consiste no uso de medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores, fisioterapia e terapia ocupacional.

2) Artrite psoriásica

 

Essa doença inflamatória afeta as articulações de pessoas que também são portadoras de psoríase. Ela causa dor, inchaço e vermelhidão na região afetada, assim como leva ao surgimento de lesões de pele em diversos locais:

 

  • joelhos;
  • couro cabeludo;
  • cotovelo;
  • umbigo;
  • unhas.

 

O tratamento para esta doença é basicamente feito com medicamentos anti-inflamatórios   para estagnar ao máximo o seu avanço ou manifestação. 

3) Lúpus

É uma doença crônica e autoimune que pode afetar diversos órgãos de forma lenta e progressiva ou então rapidamente. A Dra. Giovana aponta que o lúpus pode afetar a pele, os rins, os pulmões e o cérebro e reforça, mais uma vez, que as articulações não são as únicas afetadas: “Dores nas articulações é o que o paciente percebe, mas ele pode estar sofrendo com muito mais manifestações”.

 

Os sintomas do lúpus podem se apresentar de duas formas:

 

  1. cutânea: cuja manifestação se dá pelo surgimento de manchas;
  2. sistêmica: quando um ou mais órgãos internos são afetados.

 

Além de dores nas articulações, o paciente pode sentir desânimo, febre, perda de apetite e de peso e sintomas relacionados à debilitação do sistema imunológico. 

 

Para saber mais sobre o tema, assista à videoconferência sobre o lúpus com a Dra. Adriana Zimmerman, vice-presidente da SCR. 

 

Principais doenças que não são autoimunes

 

Entre as doenças reumáticas que não são autoimunes, algumas afetam uma parcela expressiva da população.

  1. Fibromialgia

 

Ainda muito investigada, a fibromialgia não é considerada autoimune porque não gera o efeito de ataque ao próprio corpo, ainda que possa, em alguns casos, desregular o sistema imunológico. 

 

Sabe-se que a doença tem relação direta com o funcionamento do sistema nervoso central, provocando dor crônica em várias partes do corpo, sobretudo nas articulações. Além disso, o paciente pode apresentar fadiga, alterações no sono, sensibilidade durante a micção e distúrbios emocionais e psicológicos.

2) Osteoartrite

 

Também conhecida como artrose, caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas. Ela representa cerca de 30% a 40% das consultas ao reumatologista e, ainda, é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho.

 

A doença afeta, principalmente, as articulações das mãos, joelhos e coluna, levando ao aumento de conteúdo líquido no interior do tecido cartilaginoso em uma ou mais articulações. As principais causas estão relacionadas à obesidade e esforço físico repetitivo.

3) Gota

 

Outra doença reumática muito conhecida que não é autoimune é a gota. Trata-se de uma inflamação que acomete as articulações quando o nível de ácido úrico no sangue está acima do considerado normal, levando a um depósito de cristais de monourato de sódio nas articulações, que por sua vez, gera problemas nas articulações.

 

Segundo pesquisas, ela acomete de 1 a 2% dos homens de países ocidentais. Entre as principais causas podemos citar a elevada produção de ácido úrico, uso de medicamentos diuréticos e ausência de um mecanismo enzimático responsável pela excreção do ácido úrico. De acordo com a Dra. Giovana, essa é uma doença pode ser tratada com a adoção de hábitos saudáveis e medicamentos para reduzir os níveis de ácido úrico no sangue..

A importância do tratamento

 

Caso você esteja com os sintomas de alguma doença reumática, seja autoimune ou não, o ideal é procurar um reumatologista para que ele avalie a sua situação e proponha o tratamento mais adequado.

 

A Dra. Giovana cita quais pacientes devem ter mais atenção: “principalmente, aqueles que já apresentam histórico familiar e aqueles que já têm doença autoimune, já que apresentam mais chances de ter outra doença autoimune”, exemplifica.

 

A especialista explica que o tratamento depende da gravidade da doença: em pacientes que apresentam quadro leve, utiliza-se medicamentos leves; já em pacientes com lesões em órgãos nobres, utilizam-se medicamentos com ação mais intensa sobre o sistema imunológico. 

 

Ela ainda aponta quais são os medicamentos mais comuns e como variam de acordo com a gravidade da doença: “geralmente, o tratamento começa com glicocorticóides, anti inflamatórios e analgésicos. Conforme a gravidade, podemos passar para os antimaláricos e  imunossupressores. Em casos mais graves, usamos ciclofosfamida e imunobiológicos, sendo que estes últimos são desenvolvidos por tecnologia de produção de proteínas dirigidas a alvos específicos envolvidos no processo de cada doença autoimune.”, finaliza.

Você tem dúvidas sobre o tema? Entre em contato conosco e envie sua pergunta. Será um prazer lhe ajudar!

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As doenças reumáticas têm maior sucesso no tratamento quanto mais cedo forem diagnosticadas. Para isso, é importante estar alerta aos fatores de risco e sintomas das principais doenças.

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