Mito ou verdade: mulheres sofrem mais de doenças reumáticas?

Mito ou verdade: mulheres sofrem mais de doenças reumáticas?

Revisado por: - Reumatologista - CRM SC 4120 Reumatologia e Medicina Interna RQE Reumatologia 4513 RQE Medicina Interna 6737
Publicado em 07/03/2019Desvendando mitos

mito-ou-verdade-mulheres-sofrem-mais-de-doencas-reumaticas

Apesar de afetar ambos os sexos, independentemente da idade, pesquisas demonstram que as mulheres sofrem mais de doenças reumáticas.

As doenças autoimunes, de todos os órgãos e sistemas, afetam aproximadamente 8% da população mundial, sendo cerca de 78% de mulheres. Estas doenças são estimadas como a quarta principal causa de incapacidade em mulheres.

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, os distúrbios que afetam as articulações comprometem a vida de, aproximadamente, 6% da população brasileira. Deste número, o público feminino corresponde a 60% dos casos.  

Mas afinal, por que as mulheres sofrem mais de doenças reumáticas? Nesse artigo, você vai entender o motivo e, ainda, conhecer as doenças que mais a acometem.

Por que as mulheres sofrem mais de doenças reumáticas?

Existem diversos fatores que justificam por que as mulheres sofrem mais de doenças reumáticas. Um deles diz respeito aos hormônios.

Um modo de identificar isso é que grande parte das mulheres começa a sentir as primeiras manifestações das doenças após a gravidez ou com a chegada da menopausa. Nesses períodos, há grandes mudanças hormonais, o que afeta diretamente no seu sistema imunológico.

A questão de realizar dupla jornada também pode influenciar nessa maior incidência. Isso porque o estado emocional, como estresse, ansiedade e/ou estados depressivos  podem funcionar como gatilho para o aparecimento das doenças reumáticas.

 Outros fatores agravantes para doenças crônicas e autoimunes:

  • sedentarismo;
  • obesidade;
  • hábitos alimentares inapropriados (alimentos processados, fast food, bebidas gaseificadas);
  • tabagismo ou alcoolismo.

Doenças reumáticas mais comuns

As mulheres estão mais suscetíveis às doenças reumáticas, de um modo geral, porém, há algumas, em específico, que as taxas de incidência são ainda maiores. Confira:

1) Fibromialgia

Trata-se de uma síndrome clínica que se manifesta através de dor no corpo, grande sensibilidade ao toque e fadiga. Somente no Brasil, a fibromialgia afeta de 2% a 3% das pessoas, com destaque para mulheres entre 30 e 55 anos.  

O tratamento consiste em controlar os sintomas, já que não leva a um reumatismo propriamente dito e não leva a deformidade. Podem ser utilizadas a prescrição medicamentosa, técnicas de redução de estresse (terapia cognitivo comportamental) e principalmente atividade física como exercícios aeróbicos como dança, caminhadas, corridas leves. A acupuntura também pode ser útil.

2) Lúpus

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune que pode acometer órgãos internos , articulações, pele, entre outros. A fadiga (cansaço) é um sintoma muito frequente. Esta doença afeta  principalmente as mulheres jovens na faixa de 20 a 30 anos, numa frequência de 9 para 1 homem. Existem graus variados de gravidade desta doença. As formas mais graves exigem acompanhamento por reumatologista experiente, pois pode ter risco de morte. Seus principais sintomas são:

  • dor nas articulações;
  • fadiga;
  • manchas na pele;
  • febre.

3) Artrite reumatoide

Trata-se de uma doença reumática crônica que se caracteriza pela inflamação nas articulações, levando ao surgimento de sintomas como inchaço, dor e rigidez principalmente nas mãos, punhos e pés. A sua causa ainda é desconhecida, porém sabe-se que acomete mais mulheres que homens, principalmente a partir dos 30 a 40 anos.

Embora não haja cura para essa doença, o tratamento desta doença evoluiu espetacularmente nos últimos 20 anos na reumatologia. O grande desafio ainda está em o paciente chegar precocemente ao reumatologista, que significa nas primeiras semanas ou meses de início dos sintomas articulares. O tratamento é fundamentalmente medicamentoso, com uso de antiinflamatórios e das medicações específicas, chamadas drogas modificadoras da doença (dmards), que o seu reumatologista vai lhe orientar, conforme a sua artrite.

4) Osteoporose

Outra doença reumática muito comum em mulheres é a osteoporose, que afeta diretamente os ossos, deixando-os mais fracos e suscetíveis a fraturas. Essa é uma doença silenciosa, ou seja, você só vai saber antes da fratura, se fizer o exame da densitometria óssea. Dentre os fatores que levam ao seu surgimento, destacam-se:

  • a menopausa;
  • o envelhecimento;
  • a hereditariedade;
  • a dieta pobre em cálcio
  • falta de exposição ao sol, (déficit de vitamina D).
  • uso de certos medicamentos, principalmente a cortisona (corticóide), entre vários outros

Seu tratamento consiste no uso de medicamentos, na adoção de uma dieta saudável e na realização de exercícios, principalmente exercícios com impacto como a caminhada e a musculação, com o objetivo de melhorar a força e prevenir as quedas.

Diagnóstico precoce

É importante destacar que existem cerca de 120 doenças reumáticas e, destas, várias acometem mais as mulheres, como a Esclerose Sistêmica e a Síndrome de Sjögren.

Agora que você já sabe que as mulheres sofrem mais de doenças reumáticas, procure a ajuda de um reumatologista assim que notar alguns dos sintomas citados acima. O diagnóstico precoce evita maiores complicações e aumenta as chances de maior efetividade no tratamento.

Compartilhe esse material com as mulheres que conhece para conscientizar sobre a importância da prevenção das doenças reumáticas.

Material revisado por:
- Reumatologista - CRM SC 4120 Reumatologia e Medicina Interna RQE Reumatologia 4513 RQE Medicina Interna 6737

Graduação em Medicina pela UFSC - 1985 Residência em Medicina Interna pelo Hospital do Servidor Público Municipal de SP - 1987 Residência em Reumatologia pelo Hospital Heliópolis-INAMPS São Paulo - 1990 Mestre em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná -1997 Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Santa Catarina -2012 Titulo de Especialista pela SBR- 1995

Cartilhas

As doenças reumáticas têm maior sucesso no tratamento quanto mais cedo forem diagnosticadas. Para isso, é importante estar alerta aos fatores de risco e sintomas das principais doenças.

Ver cartilhas
cartilhas