O lúpus é uma doença considerada pouco comum no Brasil e no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), cerca de 65 mil brasileiros sofrem com a doença, sendo que 90% dos pacientes são mulheres na faixa etária entre 15 e 45 anos de idade. Apesar de não ser tão comum, trata-se de um problema sério, que pode levar a morte caso não seja tratado adequadamente.
O lúpus é uma doença autoimune, aquelas em que o sistema imunológico ataca e destrói as células do próprio corpo por engano. As doenças autoimunes são crônicas e não possuem causas completamente esclarecidas. Somado a isso, existe muita desinformação sobre o lúpus, o que faz com que a doença seja cercada de mitos e preconceitos sobre dor e restrições de vida.
Contudo, com cuidados adequados e tratamentos individualizados, é possível que o paciente tenha uma vida normal e saudável. Para esclarecer mais questões sobre a doença, a Dra. Giovana Ribeiro, membro da Comissão Científica da Sociedade Catarinense de Reumatologia, fala mais sobre a doença e como conviver com ela de maneira saudável.
Quais são os principais sintomas do lúpus?
Por se tratar de uma doença reumática, muita gente acredita que o principal sintoma do lúpus são as dores articulares. “O reumatismo não atinge só a articulação. No lúpus, a dor articular pode ser o menor dos sintomas, provocando uma dor não tão grave e, geralmente, sem deformidade nas articulações, o que acaba atrasando o diagnóstico”, esclarece a Dra.
Além das dores articulares, a Dra. Giovana explica que o lúpus ataca principalmente a pele e as mucosas, tendo como principais sintomas:
- Feridas na boca;
- Feridas no nariz;
- Queda de cabelo;
- Sensibilidade à luz solar;
- Problemas renais;
- Derrame pleura;
- Perdas fetais.
Como amenizar os sintomas?
Como o lúpus ocorre por predisposição genética, não é possível prevenir o aparecimento da doença. Quando a doença surge, a Dra. Giovana explica que os sintomas podem ser graves: O lúpus é uma doença que pode trazer limitações importantes na vida do paciente, e em casos graves pode levar ao comprometimento de órgãos e sistemas como o coração e os rins, inclusive com risco de morte se não tratado a tempo.
No entanto, alguns hábitos saudáveis podem amenizar os sintomas e fazer com que o paciente tenha uma vida normal. Confira quais são os principais!
Parar de fumar
O cigarro aumenta a atividade das doenças autoimunes e prejudica a eficácia dos tratamentos. Se o tratamento for medicamentoso, as substâncias do cigarro podem diminuir em até 50% o efeito dos medicamentos, exemplifica a reumatologista.
Evitar exposição solar
A radiação ultravioleta tem a capacidade de ativar o lúpus. Pacientes que sofrem com a doença devem evitar exposição solar em horários de pico e sempre passar protetor solar antes de sair de casa.
Praticar exercícios
A Dra. Giovana ressalta que qualquer atividade física colabora para melhorar o quadro emocional do paciente, que muitas vezes é afetado gravemente quando descobre que sofre com lúpus. “Os exercícios, além de melhorar saúde de maneira geral, também liberam endorfina, que melhora a dor e o estado emocional”, afirma.
Manter uma alimentação saudável
Manter uma alimentação saudável e evitar alimentos embutidos e industrializados também é uma forma de amenizar os sintomas do lúpus. Além disso, é importante consumir alimentos ricos em cálcio, já que ele ajuda a fortalecer ossos e articulações.
A importância do diagnóstico precoce
Os hábitos acima podem contribuir para amenizar os sintomas do lúpus, mas o diagnóstico precoce é a melhor maneira de garantir que a doença afete minimamente a vida do paciente.
A Dra. Giovana explica a importância de identificar a doença precocemente: “O diagnóstico precoce ajuda a evitar deformidades articulares, lesões em órgãos nobres, como coração, cérebro, além de ajudar o próprio paciente a ter mais informações sobre a doença e não deixar que cause impactos negativos na sua vida”.
Em casos de diagnóstico tardio, o lúpus pode atacar os rins e ocasionar a necessidade de transplante renal, mas a Dra. esclarece que isso ocorre com pouca frequência porque os tratamentos são cada vez mais eficientes.
Os tratamentos são muito individualizados, visto que os sintomas variam muito de paciente para paciente. “Em casos leves, o tratamento começa com um antimalárico, e vai aumentando, dependendo da gravidade, usando glicocorticoides e até imunossupressores. Atualmente, usamos muito os imunobiológicos, que trabalham com as células do sistema imunológico”, esclarece a Dra. Giovana.
Além disso, ela reforça a importância de um diálogo aberto entre médico e paciente: “É fundamental discutir os tratamentos e orientações com o médico, perguntar quais são as melhores opções para seu caso e sempre avisar o médico antes de interromper o tratamento”, finaliza.
Você tem mais dúvidas sobre o lúpus? Envie sua pergunta para a SCR, ela pode se tornar tema de nossos próximos artigos!